BM Review: Tony Awards

Foto Reprodução – Tony Awards

Tony Awards 2021: Moulin Rouge, como previsto, foi o grande vencedor da noite. Premiação também foi marcada por mais diversidade

Não sabíamos o que esperar do Tony 2020, mas estávamos morrendo de ansiedade. Após meses extremamente difíceis para o mundo da cultura, tanto artistas quanto o público estavam ansiosos por um mínimo de normalidade (ou qualquer coisa perto disso) e um sinal de esperança. Com a chegada da vacina algumas premiações puderam se reorganizar num formato diferente para não tivessem que cancelar por tempo indeterminado. E mesmo com um pouco mais de demora, o Tony aconteceu. E a espera valeu totalmente a pena.

De todos os grandes eventos que ocorreram este ano, o Tony Awards foi de longe o melhor. Além da organização obrigar o uso de máscaras durante todo o evento, respeitando as regras da cidade de Nova York, ainda mantiveram o distanciamento no palco, orientando os participantes de forma que apenas dois representantes subissem para buscar o troféu. Também fizeram questão de ressaltar que todos ali presentes deveriam obrigatoriamente vacinados com as duas doses ou dose única, e que também estivessem testados recentemente. Então em relação a isso: parabéns, Tony Awards.

A cerimônia aconteceu no domingo à noite, 26 de setembro, e reconheceu os melhores da temporada 2019-2020 da Broadway. A cerimônia aconteceu no Winter Garden Theatre e se dividiu em duas partes: na primeira, da entrega dos prêmios, tivemos como apresentadora a maravilhosa, a diva, a perfeita Audra McDonald. Já na segunda parte, que era mais um especial chamado Tony Awards Presentes: Broadway’s Back, foi uma cerimônia em que se dividiu em duas, com apresentações gravadas previamente e algumas ao vivo.

Mas antes de começarmos a citar os pontos positivos da noite vamos citar o mais decepcionante: Jagedd Little Pill ganhando duas categorias. Falamos sobre isso na live (clique aqui se você não assistiu) e também temos um texto específico sobre isso aqui, mas é importantíssimo trazer o assunto à tona de novo. A Broadway é mágica. Para nós, fãs de teatro musical, que assistimos à magia acontecer da plateia, é fácil e até tentador esquecer o que acontece atrás das cortinas. Às vezes, o que acontece por lá é mágico também, e de maneiras diferentes, mas pode ser muito tóxico.

Infelizmente, vários casos de abuso físico e verbal se tornaram notícia este ano, e várias outras polêmicas estouraram em torno dos nossos shows favoritos, o mais recente envolvendo o musical que traz as músicas da cantora Alanis Morissette. Antes de ir para a Broadway, o musical trazia Jo, personagem não-binário (um dos poucos nos palcos), e fez com que muitas pessoas se identificassem com elu, felizes por essa rara representatividade; mas quando o musical foi para a Broadway, apagaram a história do personagem e atribuíram pronomes femininos a Jo. Os produtores do musical escreveram uma nota se desculpando pelo ocorrido e prometendo uma mudança no libreto.

Lauren Patten, de ‘Jagged Little Pill’. Foto: Getty Images

Dito isso, mesmo que a votação tenha se encerrado antes das denúncias e polêmicas de JLP estourarem, os fãs de teatro musical e artistas envolvidos diretamente e indiretamente com a Broadway, mais a comunidade LGBTQIA+ reagiram de maneira negativa não só as várias indicações como o fato de JLP ter ganho na categoria de Melhor Roteiro para Musical e Melhor Atriz Coadjuvante.

É desgastante que essas denúncias continuem surgindo, e é triste saber que tantas coisas ruins acontecem no backstage de um universo que era para ser tão mágico atrás da cortina quanto na frente dela. Esperamos que isso mude o mais rápido possível.

E por falar em mudanças, podemos ver muitas delas nesta edição do Tony. Além de ser visível quão emocionados todos estavam por estarem ali, as apresentações foram lindas. Mas simples que nos anos anteriores, sim, mas havia uma coisa diferente que nenhum dinheiro ou cenário milionário poderia fazer: amor. Puro e simples. Amor pelo teatro. Amor de artista pelo trabalho que ele faz. Amor por estar de volta após meses tão difíceis. Era perceptível em cada frase, em cada discurso, em cada expressão na apresentação de uma canção.

Este ano, também, tivemos mais representatividade na escolha dos indicados. Até então, o Tony Awards premiava predominantemente artistas brancos, mostrando como a indústria estava carente em diversidade. Mas tivemos uma promissora mudança, e esperamos que isso indique que a era de uma Broadway melhor esteja finalmente chegando.

Adrienne Warren foi eleita a melhor atriz principal em Musical para Tina, em Tina: The Tina Turner Musical; Aaron Tveit levou por melhor ator principal em Musical para Moulin Rouge!. Aliás, vale ressaltar um dos momentos mais fofos da noite: ele, apesar de ter sido o único indicado em sua categoria, estava visivelmente preocupado em não ganhar – e embora remota, a chance existia. Mas quando ele subiu ao palco para buscar o seu Tony e fazer o discurso, se emocionou várias vezes enquanto agradecia. Foi lindo.

Aaron Tveit com seu Tony por ‘Moulin Rouge’. Foto: Getty Images

E como estamos falando de Moulin Rouge!, estamos falando também do grande vencedor da noite. Embora esperado, ficamos surpresos pelo musical ter levado 10 Tonys por 14 das indicações, incluindo o de Melhor Musical. Moulin Rouge! também levou para Melhor Direção, Alex Timbers, e Melhor Ator Coadjuvante, Danny Burstein.

Jagged Little Pill, embora o mais indicado da noite, levou apenas 2 estatuetas, como já havíamos mencionados. E Tina: The Tina Turner Musical recebeu apenas um Tony das suas 12 indicações.

Mas algumas apresentações certamente roubaram a cena. A Broadway Advocacy Coalition, que faz uma campanha contra o racismo sistêmico e promove ativismo através das artes recebeu um Tony Especial este ano. E em homenagem, Daniel J. Watts se apresentou com o sapateador Jared Grimes. A pergunta que ressoa na apresentação é: What does your silence sound like?

E o que dizer de um dueto entre Leslie Odom Jr. e Nicolette Robinson? Eles cantaram You Matter to me, de Waitress, e foi lindo. Foi doce. Um desses momentos que deixam o nosso coração quentinho.

E tivemos Wicked? Para alegria geral dos fãs e emoção dos adms, tivemos! A rainha da Broadway, Kristin Chenoweth, original Glinda, e Idina Menzel, original Elphaba, cantaram For Good. Sério, impossível não chorar.

Poderíamos ficar aqui e citar cada uma dessas performances incríveis – aliás, se você quer ler isso comenta aqui! Tivemos vários momentos que valem a pena destacar mais profundamente nesse último Tony Awards, e que não seja um acontecimento isolado e sim uma pequena mostra do que está por vir.

Brígida Rodrigues

Olá! Eu sou a Brígida, estudo Letras e sou uma completa apaixonada por Teatro Musical. Como os meus amigos não aguentam mais me ouvir falar da Broadway e afins, estou aqui para compartilhar um pouquinho desse amor com vocês.

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