BM entrevista: Anne Carrère faz um Hymne a l’Amour a Piaf em novo musical

Créditos: Divulgação.

Piaf, por Anne Carrère, Non Je Ne Regrette Rien

Primeiro de tudo, Anne, gostaria de agradecer, em nome de toda a equipe Broadway Meme, pela disponibilidade em nos ceder essa entrevista. Sou uma grande fã do seu trabalho, e estou muito feliz por ter a chance de conversar um pouco com você sobre essa nova proposta do Piaf! The Show.

Para começar, queria dizer que já assisti o espetáculo em umas das turnês passadas, quando passava pela minha cidade, Belo Horizonte/MG. Lembro de ficar completamente em êxtase para assistir, e então meu melhor amigo, também muito fã da Edith, me deu o ingresso de presente. Fomos os dois, e saímos de lá completamente boquiabertos. Foi lindo. Na época, meu sonho era largar o Direito para escrever, e o do meu amigo era morar na França; e aquela noite foi uma espécie de ponto de virada para nós. Acho que só consolidou nossas vontades. Hoje eu escrevo profissionalmente, e meu melhor amigo mora em Paris (risos) então, obrigada. Aquela noite foi realmente mágica.

E pegando esse gancho, queria saber: você sempre gostou da Edith, já era uma fã antes de interpretá-la, ou isso veio ao longo do trabalho e das turnês?

Agradeço por compartilhar sua história, é bastante tocante. Em primeiro lugar, eu gostaria de contar que tenho muito orgulho de ter carregado “PIAF! The Show” por oito anos, e esse novo espetáculo em sequência… Ele não se chama mais “PIAF! The Show”, mas sim, “PIAF by Anne Carrère”, Non Je Ne Regrette Rien.
Ele reúne oito anos de experiência no papel de Piaf e, particularmente, mostra uma versão ainda mais pessoal de mim mesma através da grande artista que é Edith Piaf.

(Sobre a pergunta) Quando eu era pequena, conhecia algumas das canções mais famosas de Piaf. Minha avó assistiu a Piaf em um concerto, em Paris, quando ela era uma garotinha. Ela sempre estava escutando as músicas da Edith.
Quando eu comecei minha carreira como cantora, eu cantava os clássicos como “La vie en Rose”, “L’hymne à l’amour” , “Padam”, “La foule”… Foi quando me ofereceram o papel, 10 anos atrás, que passei a me interessar pela história dela, por sua vida e por sua carreira.
E é claro que cantar seu repertório no palco foi uma das experiências mais enriquecedoras possíveis, ainda mais sabendo que, contando até hoje, eu interpretei as canções de La Môme no palco mais de 500 vezes.

A Edith teve uma vida muito difícil, muito dura, marcada por muitas perdas, muita pobreza no início da carreira e, mesmo no ápice profissional, com muitas questões médicas: dores crônicas, depressão. Não dá para negar que, apesar do talento que transcendia, da artista magnífica que ela era, sua vida foi intensa: tanto na alegria quanto na tristeza. Como foi, então, toda a preparação para viver a Edith? Não só vocalmente falando, mas artisticamente e emocionalmente? Como você separa a Anne da Edith no final de cada espetáculo?

Eu percebi a importância de conhecer Piaf a fundo depois de algumas apresentações, porque o público que vinha me aplaudir no palco projetavam seu fanatismo sobre mim. Eu escutei e assisti bastante dos áudios e vídeos de Piaf, busquei arquivos, livros. O filme “La vie en rose”.

Conheci, passei bastante tempo e construí uma amizade com Germaine Ricord (ela cantou comigo na primeira versão de PIAF! por três anos).
Ela me contou sobre as experiências de Edith, seu temperamento esquentando, anedotas, seus amores… Mas, acima de tudo, ela me disse: “Você não é Piaf, ninguém nunca será ela, ela é única!”. 

Mas se você cantar do seu âmago, com todo o seu coração e toda a sua alma, você vai tocar o coração das pessoas… Assim como ela.

Conheci Charles Dumont, compositor de “Non, je ne regrette rien”, “Mon Dieu” e outras canções de Piaf. Ele me assistiu no palco, compartilhou o palco comigo e sempre me encoraja a manter seu espírito vivo. Tive a chance de gravar um número em dueto com ele no meu último álbum, “I rely on you”, que nós apresentamos no palco do Teatro Olympia, em Paris. Ele é o padrinho desse novo show.

“Os herdeiros de Piaf, ou herdeiras, nesse caso, são pessoas que cantam hoje com amor, com memória, com o coração de Edith Piaf… E, pra mim, Anne Carrère pertence a essa exata categoria, ela a mantém viva! Ela intensifica na memória das pessoas a artista extraordinária que foi Edith Piaf… Isso é nobre, é lindo! Longa vida aos herdeiros! Nós esperamos que tamanha qualidade resulte no sucesso que eu tenho certeza de que esse projeto merece!” (Charles Dumont)”. 

Posso dizer hoje que, no palco, sou eu cantando canções da Edith. Mas eu não sou ela, ela é única. Eu a carrego no meu coração e respeito suas melodias, a pronúncia dos textos e alguns dos gestos conhecidos, mas ainda sendo eu.

Como disse no início da entrevista, estive presente em umas de suas passagens pelo Brasil, com a turnê Piaf, The Show. O que podemos esperar de diferente agora, visto que é um musical e não um concerto?

No novo show, “Non, Je ne regrette rien”, mantive as canções mais famosas, “La Foule”, “Padam”, “La vie en rose”, “Mon dieu”… Mas eu escolhi algumas canções das suas últimas apresentações musicais, que ela não teve tanto tempo para conhecer, canções de Francis Lai, Charles Dumont, que são tão poderosas quanto “Non, je ne regrette rien”.

Nós queríamos apresentar Edith, a mulher por trás da artista. Aquela que tanto viveu, tanto sofreu e tanto amou. Uma parte da escolha das músicas focou em montar um repertório que trouxesse cores, emoções e atmosferas originais. Tal qual as diferentes facetas da personalidade de Piaf. Um medley de viagens/ medley atrevido/um medley de guerra.

Com o apoio de duas telas gigantes e novas fotos e gravações inéditas, nunca antes publicadas, de PIAF. Mais algumas surpresas. Meus parceiros: Musée Edith Piaf de Paris, os colecionadores J-P. Mazillier e A. Berrot, e o fotógrafo Hugues VASSAL.

Sua preparação para viver o musical, quais as diferenças em relação as turnês anteriores? Quais foram os novos desafios que se apresentaram?

Precisei me encontrar, encontrar meu espaço. Eu escolhi cantar o amor em todas as suas formas. O amor por um lugar, uma cidade, um país, uma amizade ou uma paixão…

E como veio a ideia do musical? Já era algo que você e a equipe estavam trabalhando a muito tempo?

A ideia nasceu há três anos, com a vontade de trazer ao público uma versão mais pessoal. Essa proposta pedia novos arranjos, que foram feitos brilhantemente por Guy Giuliano (sanfoneiro). Nós começamos lançando um novo CD com 19 faixas e, então, começamos a pensar no show.

Acompanhando a sua carreira, vi que se apresentou no Carnegie Hall em turnê pelos Estados Unidos. Como foi a sensação de viver a Edith no último lugar que ela se apresentou?

Foi um momento muito emocionante, poder cantar no mesmo local mítico onde Piaf havia cantado. A casa estava cheia, e o meu coração estava preenchido de amor e de gratidão.

Um outro ponto interessante sobre a turnês em que o concerto passou foi a diversidade dos países – e sendo sempre sucesso absoluto: China, Japão, México, Brasil, Estados Unidos. Como é ser considerada a embaixadora oficial de “La Môme”, sua principal intérprete, sabendo como o mundo inteiro a adora?

Eu não sei bem explicar. Piaf é uma lenda, ela representa Paris, a capital. Se tivesse que dar uma resposta, diria que me esforço ao máximo para dar o meu melhor, toda vez que entro no palco. E que compartilho um pouco de mim com as pessoas, porque eu vivencio cada canção como se ela tivesse sido escrita para mim… Não posso esquecer da energia que os músicos também trazem.

É importante perceber que, para além da Edith, você conseguiu deixar a sua marca, a força da sua voz, a doçura e firmeza de sua personalidade, se sobressaírem também. Existe a Edith, existe a sua intérprete, mas existe, principalmente, a Anne Carrère. As pessoas te adoram. Entender isso mudou de alguma forma a maneira como você sobe ao palco?

Sim, mudou inúmeras coisas e esse show é uma questão de honra. O público me disse, eu amo Piaf e agora, eu amo Anne Carrère. Foi o público que me deu a chance de ser quem eu sou, e não ser apenas uma imitadora, mas uma performer.

E como é o público brasileiro? Você gosta de vir para cá? Tem alguma outra cidade onde gostaria de se apresentar que ainda não tenha ido?

O público brasileiro é o meu favorito, porque as reações da plateia são incrÍveis. Em todas as performances no Brasil, o público aplaudiu com vigor, gritou, ovacionou e levantou dos assentos para bater palmas por longos minutos, e esse é o maior reconhecimento que um artista pode ganhar.

E eu adoraria passar novamente pelo Canadá e pela Ásia.

Por último, se você pudesse sentar e conversar com a Édith por uma noite, o que perguntaria a ela?

Acho que eu aproveitaria a oportunidade para contá-la sobre tudo que ela nos deixou. Dizer para ela que, de certa forma, ela segue viva e conseguiu atravessar os séculos porque ela entendia como tocar os corações das pessoas.

E eu diria “obrigada”.

E nós, enquanto plateia, agradecemos a você por emocionar o mundo com a artista maravilhosa que é. E obrigada mais uma vez pela entrevista. 

Tradução por Jackson Guilherme @jaquesouguilherme 


Informações sobre o show:

Teatro Bradesco (Rua Palestra Itália, 500 – Bourbon Shopping São Paulo – Perdizes)

www.teatrobradesco.com.br

Data: 29 de abril.

Duração: 90 min.

Classificação: Livre. 

Capacidade: 1439 pessoas

Ingressos

A partir de R$80

Obs.: Confira legislação vigente para meia-entrada.

Canais de venda oficiais:

Uhuu.com – com taxa de serviço

https://tinyurl.com/3ad35bya 

Bilheteria física – sem taxa de serviço

– Teatro Bradesco (Shopping Bourbon) 

– Teatro Opus Frei Caneca (Shopping Frei Caneca)

De segunda a domingo, das 12h às 20h (pausa almoço: 15h às 16h)

Formas de pagamento: 

– Bilheteria dos teatro: dinheiro, cartão de crédito e cartão de débito

– Site da Uhuu.com e outros pontos de venda oficiais: cartão de crédito

Brígida Rodrigues

Olá! Eu sou a Brígida, estudo Letras e sou uma completa apaixonada por Teatro Musical. Como os meus amigos não aguentam mais me ouvir falar da Broadway e afins, estou aqui para compartilhar um pouquinho desse amor com vocês.

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