Saiba mais sobre “Borogodá, o Musical”, novo espetáculo recifense com canções de Reginaldo Rossi

É difícil encontrar um brasileiro que nunca tenha escutado a frase “garçom, aqui nessa mesa de bar…” ou que não conheça a moça que “vai trair o marido em plena lua de mel” — e tudo isso se deve ao artista recifense Reginaldo Rossi.

O cantor, que completaria 78 anos de idade em fevereiro se ainda estivesse vivo, conquistou o Brasil com seu vasto repertório de músicas que cantavam desilusões amorosas, juras de amor, aventuras sexuais e o maior pilar do brega pernambucano: a gaia, o chifre, a grande tragédia do corno.

E foi assim que Reginaldo Rossi se consolidou como o Rei do Brega: o seu charme canastrão, seu jeitinho descontraído, o estilo de rockstar e a linguagem popular que espalhou os lamentos dos corações traídos por todo o país. Até hoje, suas composições influenciam músicos e cornos de todos os cantos, ganhando covers, tocando em festas e tornando-se a trilha sonora dos recém-chifrados.

Já são oito anos desde que ele partiu e, apesar da saudade forte que ficou, o que permaneceu não foram rastros de tristeza. O que o cantor deixou foi uma celebração da vida, um legado de descontração, alegria, e musicalidade que vive até hoje nos corações pernambucanos. É esse o legado que Ana Letícia Lopes e Gabriel Lopes querem resgatar com “Borogodá”, a nova comédia musical da produtora recifense Nível 241 — fundada em 2016 pelos dois irmãos e consagrada na cena teatral nordestina, além de apoiar a realização de projetos do eixo Rio-SP.

Os irmãos Ana Letícia e Gabriel Lopes posam ao lado da estátua do Rei do Brega.

O espetáculo, de autoria dos irmãos Lopes (não confunda com os Lopez responsáveis pelo filme “Frozen”, apesar de a criatividade e a autenticidade estarem no mesmo nível) reúne romance, gaia e muito brega — tudo o que melhor representa a cultura popular recifense. De acordo com os dois, a ideia do projeto surgiu em 2017, quando produziram a versão pernambucana de “Aladim, o Musical”.

“Durante a temporada do Aladim que montamos em Recife, trabalhamos para acrescentar elementos e referências locais. Mas por que não produzir um que seja 100% local?”, comentou Gabriel. O rapaz conta que ele e a irmã amam musicais originais brasileiros, mas sentiam falta de espaço para um trabalho que agregasse o jeitinho e a cultura regionais.

Ana Letícia completa que é necessário manter vivo o reinado de Rossi, que morreu em 2013: “Suas músicas não só retratam a vida cotidiana de uma população através de temas comuns, elas também atravessam todas as classes sociais de forma democrática e com fácil entendimento, fazendo com que permaneçam vivas na cultura popular independente da época”.

O espetáculo conta com mais de trinta músicas do Rei do Brega e um roteiro totalmente original de Gabriel Lopes, que também é responsável pela direção. A montagem, que teve sua primeira leitura em 2019, está realizando a prática de montagem neste ano de 2021. A direção musical fica por conta de Douglas Duan, e as coreografias são assinadas por Stepson Smith.

A história contada em “Borogodá” se passa na cidade do Recife em meados da década de 60. Uma homenagem ao município que o cantor Reginaldo Rossi nasceu, ao momento auge da Jovem Guarda e também o período de lançamento do primeiro disco do cantor, “O Pão”. Algumas das muitas canções que fazem parte do enredo do espetáculo, além do famoso hino “Garçom”, são “No Claro ou no Escuro”, “A Raposa e as Uvas”, “Lua de Mel”, “Mon Amour”, “Meu Bem, Ma Famme”, “Leviana”.

O público conhecerá o contador Toni, que bem no dia de seu aniversário de casamento, descobre que a esposa o trai com um famoso cantor de rock. Quando conhece Clara, ex-esposa do astro, em um bar no centro do Recife, ambos percebem que foram enganados e decidem se vingar do casal que acaba de anunciar o casório.

Os personagens da história prometem levar o público para dentro das músicas, os apresentando a personagens que, até então, viviam apenas no imaginário. O famoso “Garçom” toma forma e finalmente descobrimos quem é a tal “Leviana” de quem ele tanto falava. O musical tem previsão de estreia para o primeiro semestre de 2022.

Até lá, você pode conhecer mais sobre a Nível 241 e acompanhar o projeto no perfil da produtora no Instagram, em @nivel241.

Jackson Guilherme

No proshot mais claro, na gravação mais densa, os palcos tremerão ante a minha presença. Olá, meu nome é Jack e eu sou o recifense do rolê! Minha especialidade são memes e piadas ruins, mas no meu tempo livre, sou graduando em Letras — apesar de um pézinho meu estar no jornalismo e o outro estar sapateando ao ritmo do teatro musical.

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