Hoje, a ideia de ligar um aparelho (televisão, celular, notebook) e assistir a uma novela, um jornal, ou qualquer outro programa, é tão fácil como respirar. Já faz parte de nós, mas o caminho até aqui foi longo.
Em Chatô e os Diários Associados – 100 anos de uma Paixão podemos entender exatamente como esse caminho foi pavimentado por Assis Chateaubriand, controverso e polêmico jornalista e empresário, que foi o responsável pela chegada da televisão ao Brasil.

Quem dá vida ao dono dos Diários Associados, a maior rede comunicação do país entre as décadas de 30 e 60, é Stepan Nercessian, em um profundo estado de graça. Ele constrói o personagem, rei da comunicação no Brasil, com carisma, humor e poesia. Totalmente à vontade no palco, Stepan é magnético e torna impossível não acompanhá-lo em todos os momentos. Sylvia Massari, que vive a secretária de Chatô, Janete, também é um grande acerto, e é impossível segurar as risadas quando ela entra em cena.
Outro ponto alto do espetáculo é Cláudio Lins, no papel de Fabiano, um jornalista que viaja no tempo acompanhado de Chatô, e, junto com a plateia, é testemunha da história da comunicação no Brasil sendo escrita — como a criação da revista O Cruzeiro e a inauguração da TV Tupi, a primeira emissora de televisão do Brasil. Cláudio é um dos grandes nomes do teatro musical no Brasil, e não é à toa. Sua parceria com Stepan é deliciosa de assistir. Suas cenas com Patrícia França, que vive Juliana, também são repletas de romantismo e delicadeza. Patrícia, inclusive, esbanja beleza, carisma e encanto em toda a sua composição da personagem.
A grande graça de Chatô e os Diários Associados — 100 anos de uma Paixão é que vemos diante dos nossos olhos a construção de basicamente tudo o que conhecemos como comunicação no Brasil, embalada por um texto afiadíssimo de Fernando Morais e Eduardo Bakr, baseado na biografia Chatô – O Rei do Brasil e que mescla realidade e ficção a todo tempo.
A trilha sonora é outro grande atrativo, composta por sucessos de Caetano Veloso, Gal Costa, Ivan Lins e outros grandes nomes, sob a direção musical de Thalyson Rodrigues, que também assina os arranjos vocais e instrumentais ao lado de Diógenes de Souza, com supervisão musical de Guto Graça Mello. A cenografia de Natália Lana, o visagismo de Fernando Ocazione e os figurinos lindíssimos de Dani Vidal e Ney Madeira também dão todo o encantamento que a história pede.
Chatô e os Diários Associados é a junção de tudo o que o Brasil tem de melhor, uma história incrível, e um elenco espetacular que dá vida a grandes nomes que fazem parte da nossa história — com Anna Priscilla, Caio Giovani, Carol Futuro, Cristiana Pompeo, Fernanda Misailidis, Flávio Moraes, Giselle Prattes, José Mauro Brant, Marcelo Alvim, Tati Cristine, Thiago Marinho, Thór Junior, Thuca Soares e Valentina Schmidt, que brilha como Lolita Rodrigues.
Para os mais velhos, Chatô e os Diários Associados é nostálgico. Para os mais novos, é conhecimento. Para todos que assistem, é um verdadeiro presente. Podemos dizer que saímos melhores depois de assistir a esse musical, simplesmente porque entendemos exatamente como e quanto custou nossa liberdade de expressão, e o quanto devemos valorizar a comunicação brasileira.
Chatô e os Diários Associados — 100 anos de uma Paixão finalizou sua temporada carioca em abril. A partir de 27 de junho, entra em cartaz no Teatro Liberdade, em São Paulo, sexta e domingo às 20h, sábado às 16h e 20h30, até 17 de agosto.
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