Wicked no cinema é o sonho de todo fã do musical

A grande ambição de todo autor, seja no teatro, no cinema, na TV ou na música, é impactar e emocionar o público. Stephen Schwartz e Winnie Holzman, o compositor e a autora de Wicked, podem dizer que cumprem essa missão com louvor há mais de vinte anos. O musical é um sucesso estrondoso por onde passa e conquistou uma legião de fãs fervorosos, ou seja, a expectativa para o filme era gigantesca.

Wicked no cinema foi tão aguardado que quase virou uma lenda. Quando confirmado que, sim, o filme iria acontecer, e finalmente, quem viveria a dupla mais famosa dos musicais, começou a contagem regressiva para o dia 21 de novembro de 2024, data de estreia da primeira parte da história. Cynthia Erivo e Ariana Grande dão vida a Elphaba e Glinda respectivamente e não decepcionam, tanto que, para muitos, estão na disputa do Oscar.

Glinda e Elphaba são personagens que, há muitos anos, estão no imaginário do público. A aposta de quem encarnaria a Bruxa Má do Oeste e a Bruxa Boa do Norte teria que ser certeira.

Ariana Grande conseguiu se descolar completamente da imagem de estrela do pop e vestiu Glinda de corpo e alma. Já é sabido que ela sempre sonhou em interpretar esse papel desde criança, e ela demonstra isso entregando todas as nuances e sutilezas da personagem que, a princípio parece simples e superficial, mas no decorrer da história, prova que é muito mais complexa do que parece.

Em seus olhares, gestos e expressões, Ariana traz segurança e sensibilidade em cada detalhe. Ao mesmo tempo em que emociona, faz rir, se mostra sem-noção e narcisista, mas também empática e acolhedora, um prato cheio para qualquer ator poder mostrar sua versatilidade. Ariana também impressiona nos vocais: não que ninguém soubesse que ela é uma grande cantora, mas Glinda a permite alcançar outros registros, notas muito desafiadoras, que ela interpreta lindamente.

Cynthia Erivo pode não ser tão conhecida como a Ariana, mas tem uma carreira consolidada. Ela traz sucessos marcantes em seu currículo, como o musical A Cor Púrpura nos palcos e Harriet nos cinemas. Cynthia aceitou a missão de viver a anti-heroína mais icônica dos musicais, uma missão difícil, mas que ela cumpriu lindamente.

Elphaba foi marcada por uma vida repleta de traumas e feridas. Foi subjugada, oprimida, humilhada e se fechou em uma casca dura na intenção de se proteger. A sua relação com Glinda, que é seu completo oposto, faz com que ela se permita amar e ser amada.

Cynthia consegue passar toda a dor de uma vida no olhar. A cena da dança no baile é emocionante, sutil e repleta de sensibilidade. Ali, Elphaba e Glinda se permitem se conhecer de verdade e percebem que têm muito mais coisas em comum do que pensavam.

A virada de Elphaba era algo muito esperado. Como isso aconteceria nas telas? Será que teria a mesma força que tem no teatro? Quando Elphaba, finalmente, toma posse de todo o seu poder e, numa atitude corajosa, decide lutar contra uma grande injustiça e paga um preço muito caro por isso.

Wicked é uma fábula, uma fantasia repleta de realidades. Uma história que fala de amor, amizade, empatia, bullying, fake news, política, preconceito, narcisismo, opressão, nos faz questionar sobre o que de fato é bom e mau, como enxergamos o diferente e tantas coisas mais.

No mundo de 2024, é impossível não se encontrar nessa história. Talvez, esteja aí o motivo de Wicked ser esse grande sucesso: é uma história que fala sobre nós, nossas relações, nossa sociedade, nosso governo, sem ser panfletária. Tudo isso embalado por lindas canções, intepretações incríveis e muito brilho esmeralda.

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