E o lustre mais famoso da história do teatro musical cairá pela última vez na Broadway em fevereiro de 2023. A notícia foi oficializada pelo New York Times, e você pode conferir a matéria aqui.
‘O Fantasma da Ópera’ é o musical que está a mais tempo em cartaz na Broadway. São 34 anos de história ininterruptas, com a exceção, claro, do ano de 2020, ocasião em que todo o setor cultural sofreu um grande baque ao fechar as portas dos seus teatros e casas de show em função da pandemia da COVID-19. O que, muito provavelmente, é a causa deste fechamento.
E não é só um musical que fecha as suas cortinas neste momento. É um ponto turístico da cidade de Nova York que se perde. Um repórter disse uma vez que o musical inspirado na obra de Leroux ultrapassou os palcos, porque deixou de ser apenas um espetáculo para se tornar uma tradicional rota turística para as milhões de pessoas que visitam a cidade anualmente.
Mas o retorno depois destes dois anos difíceis tem sido lento, e ao que tudo indica o musical não tem conseguido arrecadar o valor suficiente para se manter aberto – vale lembrar que estamos falando de uma grande produção, com um elenco enorme, orquestra completa, e muitos efeitos visuais, portanto, não é barato. Mas é irônico pensar que foi Phantom e musicais semelhantes, com forte apelo performático, os responsáveis por marcarem uma nova era para o setor. Parece trágico que agora seja ele a vítima de uma crise que é, acima de tudo, econômica. Foram décadas arrecadando dinheiro para a cidade, mas bastou alguns meses de, e vejam bem, não a falta de lucro, mas um lucro insatisfatório, para fechar as portas. Torna mais irônico ainda o fato de que Phantom foi duramente criticado no ano de sua estreia, lá na década de 80, por ser considerado “muito comercial” e “pouco artístico”.
Se o musical estivesse, de alguma forma, impedindo novos musicais de subirem ao palco, até poderia ceder sem melodramas a la phantom, mas não parece ser o caso. Além disso, não é um bom prospecto para os demais musicais. Ou talvez seja mesmo apenas o início de algo novo, de novas histórias – ou pelo menos é o que espera meu lado mais otimista. Já meu lado mais egoísta chora no canto do quarto porque o sonho de assistir Phantom na Broadway está mais perto de acontecer do que a Christine se apaixonar de volta pelo fantasma – e ainda bem né, corre garota!
Escusado será dizer, no entanto, que o musical em questão já vem enfrentando dificuldades desde que os teatros reabriram no ano passado. Mesmo que, também ironicamente, ele tenha sido o único musical em cartaz a funcionar a plenos vapores enquanto o mundo todo se fechava pela ameaça do vírus da COVID. Seul foi a capital responsável por receber o ‘Phantom World Tour’ e manter o espetáculo funcionando enquanto o resto do mundo assistia aos seus musicais favoritos pela tela de um computador (e aqui estamos falando, claro, de proshots, e não bootlegs).
É compreensível, embora seja muito triste, que algo em cartaz a quase quatro décadas esteja fechando um ciclo inegável de sucesso. Afinal de contas, você pode detestar Phantom, mas não escapou de desejar ver o lustre subir e despencar ao vivo. Se até a Fran Lebowitz viu, você é só um meio hater. Goste ou não, ame ou odeie, tendo feito uma tatuagem questionável de uma máscara/rosa/afins ou não, ‘O Fantasma da Ópera’ fez história. E vai continuar fazendo, claro. Talvez apenas não tão invicto quanto antes.
Então se você pode, corra até NY e assista – por que, sério, o elenco atual é incrível. E se for, por favor, me leve.
E já que os PHANtons (não resisti, sempre quis fazer isso mas temi ser expulsa da BM) são duramente criticados pela alta dosagem de melodrama e tons dourados e vermelhos da cenografia, vou aproveitar e fazer jus, sim, ao meu lado extremamente dramático.
Assim finalizo este texto.
E em breve uma análise: por que ‘Phantom of the Opera’ fez tanto sucesso? Deixe aqui suas opiniões. Vou deixar a minha:
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