Novo musical contará a história de Benjamin de Oliveira, um dos maiores artistas do Brasil

A escola de samba Acadêmicos do Salgueiro homenageou o primeiro palhaço negro do Brasil em 2020, ano que Benjamin de Oliveira completava 150 anos de legado. Benjamin nasceu em Pará de Minas em 11 de junho de 1870 e revolucionou o circo brasileiro, trazendo o teatro para as suas apresentações que envolviam muito riso, música e dança.  

Na corda bamba da vida me criei
Mas qual o negro não sonhou com liberdade?
Tantas vezes perdido, me encontrei
Do meu trapézio saltei num voo pra felicidade
Quando num breque, mambembe moleque 

Na mensagem poderosa do samba enredo estava não só a história do palhaço Benjamin, que saltou para a vida artística aos doze anos enquanto fugia dos abusos físicos do pai; está também a história de milhares de Benjamins espalhados pelo país, silenciados pela violência e pelo preconceito, tentando deixar uma mensagem através da arte.  

E vou estar com o peito repleto de amor
Eis a lição desse nobre palhaço
Quando cair, no talento, saber levantar
Fazer sorrir quando a tinta insiste em manchar 

Benjamin de Oliveira, ao fugir com o circo, estava selando não só o seu destino, mas o de centenas de pessoas que se inspirariam nele depois. No dia da sua morte, o obituário escreveu que morria o maior palhaço do Brasil. Apesar de ter nascido em Minas, ele ficou mais conhecido no Rio e em São Paulo, no momento em que o circo vivia o seu auge. Ele foi muito importante na época, deixando uma marca onde quer que passasse: um artista, cantor, compositor, produtor, dançarino. Uma memória viva num país que tem pouco (ou nenhum) cuidado com o passado.  

O rosto retinto exposto
Reflete no espelho
Na cara da gente um nariz vermelho
Num circo sem lona, sem rumo, sem par
Mas se todo show tem que continuar (bravo!) 

E nesse momento em que a cultura vive um dos seus maiores desafios, não só no Brasil, mas no mundo, é gratificante e emocionante saber que a história de um grande artista será tema de um novo musical com estreia prevista para 2022. 

Com direção de Tauã Delmiro, idealização de Isaac Belfort, texto de Rebeca Bittencourt e direção musical de Nakiska Muniz, vamos poder conhecer mais a história do Benjamin através da voz de artistas pretos nos palcos: Layla Santos, Isaac Belfort, Elis Loureiro, Maria Antônia Ibraim, Marcelo Vittória, Peterson Ferreira, Alex Carbral, Sara Chaves e Léo Araújo 

Ainda de acordo com o material de divulgação os ingressos terão preços acessíveis, de forma a democratizar ainda mais o acesso ao espetáculo. Bravíssimo, de fato!
 

Brígida Rodrigues

Olá! Eu sou a Brígida, estudo Letras e sou uma completa apaixonada por Teatro Musical. Como os meus amigos não aguentam mais me ouvir falar da Broadway e afins, estou aqui para compartilhar um pouquinho desse amor com vocês.

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1 Comment

  • Na melhor do que viver na era da busca de representatividade! O musical não vai contar apenas a história do maior e mais famoso palhaço do Brasil, mas, também, a história que de um homem negro que alcançou acalmado sucesso em uma período da história da sociedade brasileira ainda marcada por estigmas de exclusão. Espero que o musical consiga transmitir que o sorriso e alegria são libertadoras.

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