The name on everybody’s lips
Is gonna be …
Carol Costa. Definitivamente. Atualmente vivendo Roxie no musical Chicago, em São Paulo, a atriz mostra a sua capacidade como cantora, dançarina e atriz, além da extrema versatilidade – incrível pensar que ano passado ela ganhou o Bibi Ferreira de melhor atriz coadjuvante por viver ninguém menos que… Chiquinha, em O Chaves. Dois personagens extremamente diferentes, opostos, e uma única coisa em comum além da atriz que deu vida a elas: o talento.
Carol, conta pra gente: você já era uma apaixonada por Chicago antes? Sonhava em fazer o musical, interpretar algum dos personagens?
‘Chicago’ é o sonho de todo artista que tem a dança como formação também. Roxie era um sonho e agora se realizou!
E como foi receber a notícia que você havia sido escolhida para viver a Roxie? É tipo o seu “papel dos sonhos”?
Com certeza o papel dos sonhos. Tem que dançar, atuar e cantar muito bem. E ainda ter uma veia cômica. Para fazer ‘Chicago’, o artista tem que ser completo e desempenhar as três ferramentas muito bem. Agora com Roxie, posso mostrar mais o meu trabalho e a maturidade que ganhei com todas as experiências anteriores. Recebi o telefonema do produtor, Lior Berlovich, em janeiro de 2020, e ele cantarolou pra mim: “- As bocas todas vão dizer um nome só: Carol”. Na hora eu não conseguia acreditar… Me emocionei muito e foi difícil ter que guardar esse segredo por dois anos. Acho que a minha ficha só caiu com o início dos ensaios.
E como foi a preparação para o musical? Você é bailarina, e o musical tem muitas coreografias extremamente complexas que exigem muito do artista. Conta pra gente um pouco desse processo, com os ensaios, o preparo físico, vocal e dramatúrgico.
Durante a quarentena, nesses dois anos de espera, fiz o que pude dentro das limitações de um apartamento de 47 m². Fiz aulas de ballet e Yoga online. O Yoga me ajudou muito a controlar a ansiedade. Continuei meus estudos vocais e minha pesquisa para Roxie. Assisti muitos filmes, séries e referências. Com a flexibilização e a data dos ensaios confirmada eu voltei para as aulas presenciais. Fazia ballet presencialmente três vezes na semana. Fiz um estudo de estilo Bob Fosse com a mestra Katia Barros. Intensifiquei as aulas de canto e exercícios de fono. Treinei com um personal três vezes na semana e fiz uma dieta de maneira saudável para perder os 5kg que ganhei durante a pandemia. Toda essa preparação foi importante para a maratona que é fazer o musical ‘Chicago’.
E como você descreveria a Roxie?
Imagino ela sendo um grande papel para uma atriz de musicais, e, como ‘Chicago’ já foi aos palcos muitas vezes ao longo dos anos, sempre há um elemento novo em cada uma dessas versões.
O que você acha que trouxe de novidade para a sua Roxie?
Trouxe minha bagagem para Roxie. Minha vivência. Meu pé no chão. Pé no chão é algo que Roxie não tem. Mas a Carol tem. Rs.
Roxie tem a ambição de ser famosa a qualquer custo. E a fama para mim é consequência. Roxie é extremamente intuitiva e impulsiva. Não é uma assassina perigosa. É uma aspirante a assassina e ao estrelato. O perigo é que ela é uma ótima aluna, então ela aprende rápido. Ela fala sem pensar e depois tem que lidar com as consequências. O mais bacana é que o sonho da Roxie e da Carol se cruzam em algum momento no palco. No número “Roxie” estamos falando do sonho dela de ser uma grande artista e ao mesmo tempo estamos falando do sonho da Carol. Da oportunidade que estou tendo de viver uma grande personagem, mostrando todo meu estudo e dedicação até hoje.
A Roxie é o seu papel mais desafiador até agora? E o que você pode falar da personagem? Qual foi o seu processo para entendê-la, entrar na sua cabeça?
Acho que respondi um pouco dessa pergunta na anterior. Mas o lindo do teatro é poder viver de verdade situações imaginárias. Poder viver o sentimento daquele personagem como se fosse seu. Eu abracei a Roxie desde o primeiro dia. Acolhi. Defendi. Ela é uma garota sonhadora, mas é uma mulher que passou por muita coisa na vida. O crime não justifica, ao contrário do que ela canta na música, que “o crime pode compensar”. Não, não pode! Nenhum crime, o ato de passar por cima dos outros, nada disso compensa o sucesso. Mas eu fui atrás das camadas dessa personagem para entender como ela chega no limite e o porque de cometer tantas barbaridades. Claro, juntamente com a equipe criativa de ‘Chicago’. Nossa diretora, Tânia Nardini, nos direcionou com tamanha sensibilidade tirando o melhor de nós. Ela me disse que o público deve torcer pelas duas, Roxie e Velma. Roxie foi abandonada, abusada psicologicamente. Foi resiliente com tudo que passou na vida e procurou se reinventar. O grande desafio é fazer com que o público tenha empatia por ela e entenda o caminho que ela fez para chegar até o limite. E acho que tenho conseguido. Recebo muitas mensagens carinhosas do público que tem assistido ‘Chicago’.
Você tem uma cena favorita no espetáculo?
Como é a relação entre o elenco? Em algumas entrevistas é visível o quão emocionados todos os envolvidos com Chicago estão, então conta pra gente como é o dia a dia nesse backstage: é tão delicioso e vibrante quanto parece?
Uma das minhas cenas favoritas é a cena da morte da Huniak, personagem que é vivida brilhantemente pela minha amiga Mariana Barros. A cena em que a personagem é enforcada por não dizer que é culpada pelo crime. Essa cena, na minha opinião, resume tudo que acontece no musical. Ou você entrega um grande show de mentiras e intrigas para ser inocentada e ter a empatia do público e da imprensa, ou vc fala a sua verdade e acaba na forca. Hoje em dia conseguimos ver muito isso na Internet com a cultura do cancelamento. Falar a sua verdade, se expor no íntimo é sinônimo de abertura ao ponto de ser cancelado.
O elenco de ‘Chicago’ é um elenco de gigantes. É um encontro muito especial de pessoas que acompanho ao longo da minha carreira. Pessoas que estudam, batalham e estão brilhando em cena. Todos os atores precisam cantar e dançar muito bem. Meu processo foi especial por ter essas pessoas ao meu lado. Minha conquista com essa grande protagonista é a conquista de cada um dos meus colegas também. Lembro na sala de ensaios, durante o processo de criação, cada vez que eu passava um número havia uma comoção, uma torcida de olhos marejados. Me sinto representando cada uma dessas pessoas que, assim como eu, vieram da dança, são artistas que batalham e amam seu ofício. Sim, estamos todos emocionados depois de uma longa espera, de dois anos sem saber o que poderia acontecer com o Musical e o setor cultural em geral.
No Bibi Ferreira ano passado, no seu discurso, você disse “Eu sou atriz, sou cantora, mas antes de tudo eu sou uma bailarina.”. Foi uma frase muito bonita e tocante, e você emendou pedindo que os criativos e produtores de elenco dessem mais oportunidades para as pessoas que compõe o ensemble e o coro. Você acha que o teatro musical brasileiro está finalmente no caminho para isso acontecer?
Acho que está começando a modificar. E claro, quem tem a oportunidade de ter voz e levantar essa bandeira deve fazer. Foi o que o meu coração pediu naquele momento no palco com o prêmio na mão. Pedir que, assim como eu, outros artistas que estão no mercado batalhando há tanto tempo, também tenham oportunidades. Tem muita gente talentosa. Muita gente que vive do ofício e respeita muito o que faz. Essas pessoas merecem a chance. A oportunidade. E claro, esteja pronto. Não desista. Seja resiliente e paciente. A hora que acontece você precisa estar pronto e disponível. Tem uma geração nova chegando. Muito curiosa e engajada. Estude e busque suas oportunidades.
E Carol, onde e até quando poderemos te assistir em Chicago? E algum spoiler que possa dar pra gente de futuros trabalhos?
‘Chicago’ vai até 29 de maio de 2022 no Teatro Santander, de quinta a domingo, com sessões duplas aos sábados e domingos. Ainda quero viver outros personagens e outras experiências. Estou aberta a futuros projetos e possibilidades, e por enquanto é o que posso dizer…
A BM deseja todo o sucesso do mundo para você, Carol! E fiquem ligados para as próximas entrevistas, leitores <3 ~jazzhands
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