“A Manhã Seguinte” é a comédia que todos nós precisamos depois de um dia estressante

A vida cotidiana é um caos, com violência, trânsito, correria, cansaço, contas… Tudo o que o trabalhador brasileiro precisa é de uma descompressão depois de um dia estressante. Um momento para esquecer dos problemas, e de preferência, rir sem culpa. E é exatamente essa a proposta do espetáculo A Manhã Seguinte.

Protagonizada por Carol Castro e Bruno Fagundes, A Manhã Seguinte apresenta a história do casal Kátia e Tomás, e como a família disfuncional dela acaba se tornando a dele também. Gustavo Mendes e Ângela Rebello vivem Márcio e Bárbara, o irmão e a mãe da protagonista.

A Manhã Seguinte mostra como as manhãs desse casal são caóticas e decisivas na história que estão construindo, muito disso por conta da mãe sem papas na língua e do irmão sem limites de Kátia, que acabam fazendo o tímido e descompromissado Tomás ser o par perfeito para essa jovem decidida e um tanto quanto sem noção.

O quarto, ou melhor, a cama, acaba se tornando um ponto de encontro do quarteto, que discute sobre vida, futuro, sexo, relacionamentos… Tudo de um jeito leve e nada ortodoxo, afinal, ter a sogra e o cunhando em sua cama juntamente com sua parceira não é uma cena muito corriqueira. 

Esse é um dos grandes atrativos de A Manhã Seguinte: a normalização da desordem, do nonsense. A dinâmica entre os quatro é hilária, completamente sem sentido, e dá muito certo.

A escolha de Gustavo Mendes como Márcio, o irmão, é certeira. O ator e comediante é um ponto fora da curva em uma história que já é bastante distinta. Com uma carreira de sucesso na comédia, Gustavo cria um Márcio hilário,  despudorado e amoroso, e é impossível não rir a cada vez que entra em cena.

Ângela Rebello vive Bárbara, uma mãe sem noção e com certa dificuldade de entender limites. De início, o perfil poderia gerar antipatia do público, afinal, ela eleva o estereótipo de sogra intrometida à décima potência. Mas Ângela compõe Bárbara com tanta graça e leveza que todos acabam passando pano pra essa mãe, que é sem noção, sim, mas também repleta de amor e cuidado com essa família.

Bruno Fagundes consegue trazer perfeitamente todas as mudanças de Tomás no decorrer da história. Ele começa como um rapaz galinha e inseguro, que não quer saber de compromisso e mal lembra o nome da pessoa com quem acaba de passar a noite. Quando a família de Kátia literalmente invade sua cama, sua primeira ideia é sair correndo, mas ele acaba sendo levado pelo amor dessa família, que se sobrepõe a toda loucura que eles trazem. É bonito assistir a evolução do personagem, e perceber como ele se torna uma parte fundamental do conjunto.

Carol Castro, que acaba de sair de uma personagem carregada no drama na televisão, mostra que também faz comédia com maestria. A atriz se joga de cabeça em uma história repleta de humor e afeto. É visível o quanto ela está à vontade no palco. Linda, leve e solta, literalmente, junto com essa família que é intrometida e amorosa na mesma proporção.

Sua parceria com Bruno Fagundes é uma delícia de assistir e os dois esbanjam química. O jogo de cena entre o quarteto funciona porque um potencializa o que há de melhor no outro, e essa conta tem um saldo muito positivo no final.

A Manhã Seguinte é um texto de Peter Quilter, com adaptação de Thereza Falcão, que também assina a direção com Bel Kutner. Uma história sobre relacionamentos, vulnerabilidades e contradições do ser humano, que nos mostra que com amor e humor, absolutamente tudo fica mais leve.

A peça fica em cartaz até o dia 12 de outubro, no Teatro Clara Nunes no Shopping da Gávea (sexta e sábados às 20h, domingos às 19h).

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