Em estado de graça, Mel Lisboa arrebata e emociona como Rita Lee

Rita Lee é inegavelmente uma das artistas mais importantes e revolucionárias da música brasileira. Sua autobiografia musical teria que ser vivida por uma artista que correspondesse a sua importância, e Mel Lisboa cumpre esse papel com maestria em Rita Lee, uma autobiografia musical.

Essa não é a primeira vez que a atriz dá vida à padroeira da liberdade. Há uma década, Mel pisou em cena como Rita Lee pela primeira vez em Rita Lee Mora ao Lado, espetáculo lançado em 2014 que contava a história da cantora através de cenas de sua vida, inspiradas no livro Rita Lee Mora ao Lado de Henrique Bartsch. 

Em Rita Lee, uma autobiografia musical, Mel Lisboa volta a viver o papel que lhe pôs em grande destaque no cenário musical brasileiro. Dessa vez, contando a vida de Rita Lee pelas palavras da própria, pois o musical é baseado em sua autobiografia. Mel Lisboa, mais uma vez, encontra plateias lotadas, sucesso de público e prêmios em reconhecimento ao seu desempenho.

Mel Lisboa tem a benção da própria Rita Lee para interpretá-la, e sua performance beira o espiritual de tão fiel. Mel some totalmente e não se vê outra a não ser Rita Lee no palco. Passando por todas as fases da vida da artista, o espetáculo emociona, encanta e transporta os espectadores para outro universo.

Outro ponto alto no espetáculo é a linda história de amor de Rita Lee e Roberto de Carvalho, vivido com firmeza por Bruno Fraga. Um dos encontros mais profícuos e apaixonantes da música brasileira. A junção do casal explode química, paixão e doçura. Faz a plateia suspirar e cantar junto, já que a dupla compôs grandes sucessos que fazem parte da vida de todos nós.

Todos os elementos do musical o tornam absolutamente imperdível, e fazem valer a temporada de sucesso em São Paulo, os prêmios e indicações, e a turnê que fará por quase vinte estados pelo Brasil. Não há quem não conheça ao menos uma música de Rita Lee, e ver sua história, desde a infância até o fim da vida, sendo contada e cantada em nossa frente é comovente.

Fabiano Augusto dá vida a Ney Matogrosso, e seu solo em Bandido Corazón é um deslumbre. Débora Reis como Hebe Camargo é um show à parte. A atriz insere elementos sutis que fazem toda a diferença na composição irreverente e precisa da apresentadora. Flavia Strongolli vive Elis Regina, e seu encontro com Rita Lee é de aquecer o coração ao vermos duas gigantes atrizes e personalidades em cena.

Yael Pecarovich encarna uma fascinante Gal Costa, Antonio Vanfill alterna entre Arnaldo Baptista, parceiro do Mutantes e Charles Lee, pai de Rita, com perfeição, Gustavo Rezende vive um icônico Raul Seixas, Roquildes Junior dá vida a um Gilberto Gil delicioso de assistir e Carol Portes vive a hilária censora Solange. Completam o elenco brilhante, Lui Vizotto e Priscila Esteves como swings.

Rita Lee, uma autobiografia musical mostra que Rita Lee viverá eternamente, sua vida e sua obra estão e estarão presentes para sempre em nossas vidas. Assistir e sentir todo o caminho que a levou a ser o que é emociona e inspira. A intepretação de Mel Lisboa materializa a potência e a força da presença de Rita Lee, e reafirma ainda mais o porquê de sempre homenagearmos essas figuras, figuras que fizeram a diferença no Brasil que conhecemos.

Como Guilherme Samora, roteirista do espetáculo, disse na estreia no Rio: “Rita Lee se tornou tão grande que transborda e já não cabe mais em um corpo físico, está em tudo, em todos nós”.

Rita Lee, uma autobiografia musical, está em cartaz até o dia 3 de agosto no Teatro Casa Grande, no Leblon, quinta a sábado às 20h, e domingo às 18h.

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