Entrevista com Daniel Haidar e Isabel Barros, protagonistas do musical “Isso que é Amor”

Continuando com a segunda parte da nossa entrevista com elenco e equipe de produção do musical “Isso que é Amor”, hoje nos trazemos o bate papo com os atores que dão vida aos protagonistas Gabriel Lucas e Leona, os incrivelmente talentosos Daniel Haidar e Isabel Barros.

O musical, produzido pelos realizadores de “Cássia Eller – O Musical” em 2014, repete o formato jukebox, com músicas já existentes do sertanejo, mas numa abordagem diferente, não biográfica, com um tom de livre interpretação da carreira de seu artista-inspiração combinado com história ficcional, falando sobre amor pela a perspectiva do protagonista Gabriel Lucas. De forma muito leve e divertida, o espetáculo trata sobre todas as diferentes formas e existências do amor.

Confira a seguir nosso papo com o casal principal sobre experiências de turnê, interação com os fãs e sobre o próprio Luan Santana!

Broadway Meme: Como o musical tem as músicas do Luan Santana, o apelo entre seus fãs foi muito grande. Como está sendo a experiência? O que os fãs acharam, como reagiram?

Daniel Haidar: Incrível! O Luan tem um público de todas as idades, então tem crianças, tem idosos que vem assistir por causa do Luan e a reação é sempre a mais maravilhosa possível. Eles adoram ver a obra transmutada para dentro de um universo, de uma história e todas as outras versões, por mais diferente que tenham ficado da original,  eles adoram e se emocionam muito. São músicas que ganham novos significados inclusive para eles. Tem músicas que as fãs já falaram que tem com o namorado, as mães, as avós e que agora elas também pensam no espetáculo, então é um combo muito lindo que as meninas tão sentindo. É uma ressignificação que a gente propõe no espetáculo e que tá sendo muito bem abraçada. 

Isabel Barros: Está sendo muito bom, porque todo amor que eles tem pelo Luan Santana eles meio que transferiram para a gente. Desde o começo, uma proposta do musical foi ter a participação dos fãs, por isso existe o fã-clube dentro da nossa peça para que os fã-clubes [da vida rea] pudessem se identificar cada vez mais. Então, além dessa proposta de deixar o fã-clube perto, eles também fizeram várias pessoas de fã-clube como influencers, ajudando a divulgar a peça. Em cada cidade que a gente faz a peça, eles tem umas 15 pessoas na primeira fileira para ajudar a animar o público. A galera reagiu muito bem e era uma grupo que não costumava apreciar o teatro musical, então a gente meio que abriu para eles esse universo. Muita gente comenta “Nossa é minha primeira peça de musical, amei o gênero, vou assistir mais”. Foi bom porque eles descobriram o que é musical e graças a esse eles vão assistir outros, sabe?

BM: A integração entre fãs e artista é muito presente na história de Gabriel Lucas e faz parte da experiência dos espectadores, tendo momentos interativos entre os atores no palco e nos corredores. Como vocês acham que a interação agrega ao musical?

DH: Agrega 100%, ainda mais se tratando de um cara como o Gabriel Lucas que, no nosso universo imaginário, é o maior popstar do Brasil. Ter esse calor físico não só dos nossos atores do espetáculo que fazem fãs, mas também que as fãs que estão na plateia que trazem pra gente, realmente ajuda a colocar isso, de verdade, dentro da peça e fazer a própria plateia acreditar que eles tão mesmo vendo um garoto que está a beira de uma carreira internacional. Ver o teatro fervendo com essa integração que o nosso elenco põe para a plateia e que a plateia acaba respondendo é muito legal. E as meninas que são fãs do Luan acabam vendo uma identificação dele, porque eu coloquei muitas referências em movimentação de palco e elas acabam pegando isso. Então, pra gente é um passaporte mesmo para entrar nesse universo do “Isso que é Amor”.

IB: Agrega demais mesmo! Em Fortaleza, por exemplo, o povo gritava na cena final, o povo vaiava, era bizarro. Para gente, o que incentiva é isso. A gente se sente em uma novelona, sabe? É maravilhoso a energia que eles têm, é muito bom. E como tem um fã-clube em cada cidade que a gente vai, eles contaminam toda plateia, então é muito legal. 

BM: A temporada no Rio de Janeiro marca o fim de uma turnê que visitou vários estados no segundo semestre de 2019, e para muitos do elenco foi a primeira turnê da carreira. Como foi a experiência? Vocês têm alguma história marcante desse período?

DH: Foi minha primeira turnê como protagonista e foi um sabor completamente diferente de ter recebido essa confiança do Ulysses (Ulysses Cruz, diretor artístico), do Leo (Leonardo Bertholini, codiretor artístico e diretor de movimento), do Guilherme Terra (Diretor musical), da Giselle Lima (Produtora de elenco), da Bia Lucci (Assistente de produção de elenco) e do Gustavo Nunes (Idealizador e diretor de produção). Receber esse presente, essa confiança que foi conquistada através de audições e votação popular, foi uma oportunidade muito ímpar porque muita gente teve que concordar para isso acontecer. 

Teve a votação do público, teve uma banca gigantesca, tinha fãs na banca, então foi como se o Gabriel tivesse sido autorizado por todo mundo e todo mundo tivesse olhado em mim esse potencial de fazer esse cara. E rodar o Brasil contando essa história, que pela primeira vez eu tenho a oportunidade de liderar e colocar a minha cara, o meu jeito de fazer as coisas, é uma oportunidade única. Ainda mais indo para tantos lugares, podendo conhecer tantos públicos e ver, como artista, o que funciona, o que não funciona e como a peça se transmuta a cada sessão. A gente já está fazendo o “Isso que é Amor” a uns seis meses e não tem como ser igual, as coisas mudam, vão para caminhos opostos com a vivência intensa que a gente tem desses personagens. E isso foi tão intensamente trabalhado pelo Ulysses, então são personagens que se reinventam a cada sessão. 

E histórias têm infinitas, mas uma que ficou muito muito marcada foi uma garota lá em Fortaleza. Quando acabou a peça, ela disse que queria tirar uma foto comigo e, beleza, tiramos a foto. Depois ela falou assim “Agora vou tirar uma [foto] igual eu tirei com o Luan” e ela só me virou e apertou minha bunda e tirou a foto. 

IB: A turnê foi muita loucura porque você que o Brasil é muito diferente, tem contato com diferentes plateias, diferentes culturas, diferentes reações. Em cada estado a gente tinha uma reação para cena e isso foi muito legal, agregava muito porque pensávamos, refletíamos e aí a peça nunca era a mesma. As reações das pessoas aqui no Rio é muito diferente das de São Paulo, que é muito diferente das do Nordeste, que é muito diferente das do Sul. 

Uma história que eu tenho é que a gente tava vindo de uma turnê relativamente tranquila, de reações tranquilas e a gente foi para Fortaleza, nossa última data. E Fortaleza foi assim UOU!, foi bizarro, a gente nunca teve uma plateia como aquela. Eles foram mais calorosos de que todas as outras datas de São Paulo, foi bizarro o carinho que a gente recebeu e isso emocionou muito. Na hora do show, todas as lanternas do celular estavam ligadas e o pessoal gritava tanto que a gente se sentiu num show mesmo. Foi muito real.

BM: Vocês já conheciam as músicas do Luan antes do musical? Como foi o encontro com o artista que inspirou a produção?

DH: Isso me deixa até arrepiado porque eu já era fã do Luan a muito tempo e ter a oportunidade de fazer o musical dele tava sendo uma honra e eu nem tava concebendo a ideia de conhecê-lo no período dos ensaios, apesar de todo mundo achar que seria muito produtivo. O encontro com ele foi uma coisa mágica, e eu sempre uso essa palavra porque não tem como ser algo diferente disso. A gente viu aquele cara que tava com uma produção enorme, um palco gigantesco, um show dele muito avassalador de grande e quando eu entrei para falar com ele tinha fila de muitos fotógrafos, muitos jornalistas que queriam falar com ele. E quando ele me atendeu foi com tanta paz, com tanta calma, com tanta humanidade que eu pensei que a gente tinha que se atentar a isso no espetáculo, nesse cara que tem tudo sabe, que coloca o Brasil abaixo quando sobe no palco e ali atrás, falando com as pessoas, ele é o cara mais simples que podia ser. 

IB: Eu não era muito fã do Luan antes, mas quando eu comecei a peça eu conheci o Luan Santana e tudo que ele representava e acabei tirando muito preconceitos meus, particulares mesmo. E isso tudo foi um tapa na minha cara, o que foi ótimo, porque me fez ser humilde, escutar e ver o quão incrível ele é. Hoje em dia eu sou fã, escuto Luan Santana no meu carro, no meu quarto, escuto muito sertanejo. Pra mim foi incrível, me fez me libertar de tudo. O encontro com o Luan foi uma coisa muito doida porque é muito doido ver alguém famoso de perto, porque você vê que ele existe, que ele espirra, que ele é normal. Eu vi o quão humilde ele é, super pé no chão e foi muito legal. Me fez ser mais fã ainda. De verdade.

BM: Qual foi o maior desafio que vocês enfrentaram na produção como atores/equipe?

IB: A gente teve que se manter muito unido porque o processo foi intenso, sabe? Ficar todo mundo bem unido e se ajudar ao longo de tudo, ajudar o amigo quando ele tava recebendo feedback e sendo ensaiado. O elenco é muito jovem também e a gente é meio bagaceiro e se dá bem de verdade.

BM: No musical Gabriel Lucas sonha com sua amada antes mesmo de conhecê-la. Ele é um romântico incorrigível. A Deise é perdidamente apaixonada pelo ídolo dela. E a Leona desencanta de um amor e segue em frente. Você, Isabel, se identifica com a histórias de amor da sua persoangem? 

IB: Eu não me identifico tanto na história de amor da Leona, eu me identifico mais na personalidade dela, de ser bem feminista, de ser mais na dela, desencanada e bem madura. Ela sabe fazer boas escolhas, mesmo tendo passado por escolhas ruins antes. Ela aprende com as escolhas ruins dela. A Leona é muito na dela e como ela não teve muito o convívio em sociedade, ela não sabe muito o que é o padrão de felicidade, o padrão adulto ou madura. Ela é madura pela educação da mãe, que sempre educou ela muito bem para fazer boas escolhas. 

BM: Qual é o impacto que vocês esperam que os espectadores tenham, qual mensagem esperam que levem para casa do musical?

DH: Sonhe. Sonhe e não minta. Não minta pra si mesmo, não minta para as pessoas que você gosta e não negue aquilo que você é para tentar conquistar alguém. Acho que as grandes mensagens do espetáculo são que os sonhos podem se realizar. Sempre digo que todos os personagens dessa peça são movidos por sonhos. A parte de não mentir, do diálogo e da abertura é, pra mim, o único caminho que faz as coisas irem para frente. Então, se tem uma coisa que quero que as pessoas levem desse espetáculo é ser você mesmo e levar isso para as pessoas, porque é isso que faz as elas ficarem com você.

IB: Todo mundo que vem assistir diz que sai com o coração quentinho. Já ouvi gente dizer que sai da peça com vontade de ter um amor, de se apaixonar ou de ter amores. As pessoas saem com um quentinho bom no peito. 

BM: Se você fosse dar um signo para o Gabriel Lucas, qual seria?

DH: Eu fico em dúvida entre Câncer e Peixes, mas a gente teria que ver o mapa astral inteiro dele. Mas o Gabriel tem esse lugar do Câncer de ser muito emotivo, muito artista, mas pra mim ele é pisciano, tanto que eu coloquei que ele nasceu no mesmo dia do Luan quando eu tava estudando e foi uma grande coincidência. Eu pensei “Acho que o Gabriel nasceu dia 23 de março” e acabou que é a data de aniversário do Luan. Tava no meu subconsciente. Mas, eu acho que o Gabriel seria mais peixes e talvez com uma lua em Câncer. 

SERVIÇO

Isso que é Amor

Local: Teatro Clara Nunes – Shopping da Gávea (Rua Marques de São Vicente, 52 – Gávea, RJ)

Data: Até 16 de fevereiro

Horários: Quinta 20h, sexta e sábado 21h, domingo 20h

Ingressos: bit.ly/IQEARioDeJaneiro

A entrevista foi realizada pelos membros da nossa equipe Clara Brandão e Fernando Macedo, que foram recebidos pela equipe e elenco do musical “Isso que é Amor”, no Teatro Clara Nunes.

Dan Moura

Olá, meu nome é Daniel Moura, mas todo mundo me chama de Dan. Tenho 32 anos, e 10 anos atrás eu criei a Broadway Meme com o intuito de espalhar a palavra do teatro musical no Brasil.

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